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O Amor é uma flor roxa. |
Eu quero um amor infiel. Um amor que nunca diminua a ponto de eu conseguir compreendê-lo. Um amor que rasgue as minhas margens, que me coloque contra a parede, que me sangre e que me doa. Eu quero um amor que deboche da sensatez, que ria na cara dos padrões morais, que seja paz e pornografia, que seja leve durante um dia para então, talvez já no dia seguinte, se tornar ferro e agonia. Eu quero um amor livre, um amor cujo único limite seja aquele que o amor mesmo decidir. Que seja um amor por ela ou ele (porque o amor não pode ter medo) ou um amor por três ou quatro (porque o amor não pode ter quantia). Que seja um amor eterno. Que seja o amor de uma vida inteira (porque mesmo a eternidade pode se espremer entre a quinta e a segunda-feira)
Desautorizo quem quer que seja a formatar o amor. Não aceito barreiras porque o amor é matéria que precisa de espaço para esparramar.
Desautorizo padres e pastores a colocarem palavras na minha boca: o amor não repete certezas.
Desautorizo advogados e médicos a se manifestarem sobre ele: o amor não é doença nem lição.
Desautorizo amigos e parentes a felicitarem alguém por qualquer amor: o amor não é conquista, o amor apenas é e, apenas sendo, o amor é condição.
Desautorizo psicólogos e jornalistas. Desautorizo empresários e videntes. Desautorizo transeuntes e leitores. Desautorizo quem quer que tente entender o amor. A infidelidade do amor faz com que o amor não respeite qualquer definição.
Que o amor seja o que corta a pele e o que a cicatriza.
Que o amor seja tão forte que permita que o outro permaneça maior e mais absurdo do que aquilo que conhecemos dele, porque nós também seremos sempre maiores e mais absurdos do que o que de nós mesmos poderemos vir um dia a conhecer.
Que o amor não se satisfaça com o que do outro nós gostamos, porque é o que do outro não entendemos que mantém o amor vivo e intenso.
E, por fim, que o amor nunca se sacie, porque um amor saciado é um amor que não vive, e um amor sem vida é uma vida que se esvazia.
Gregory Haertel
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